Renault Kardian tem economia, desempenho e visual acertado

24/06/2024 11:05 || Atualizado: 24/06/2024 11:05

Renault Kardian tem economia, desempenho e visual acertado

O Renault Kardian surge como uma mudança de rumo importante e já traz os benefícios da mudança de rumo da Renault por aqui, atuando num segmento altamente disputado e com preços dentro do esperado, ou não?

Apesar da demora, nos dois sentidos, o Renault Kardian Première Edition chegou e agora, saberemos como ele realmente anda, o que traz de benefícios e o que precisa mudar.

Popular, o SUV compacto feito sobre a Renault Group Modular Platform (RGMP) traz o tão aguardado motor 1.0 TCe e com até 125 cavalos, além da surpresa com a caixa de dupla embreagem de seis marchas.

Custando R$ 132.790, o Kardian topo de linha quer conquistar seu espaço ao oferecer “tudo” o que o pode com desempenho e a eficiência de um conjunto com turbo e injeção direta, além de algumas tecnologias que a Renault só tinha em carros importados.

 

Visual acertado

Na frente, o Renault Kardian tem um visual expressivo com ênfase em enaltecer sua proposta jovial, com luzes diurnas em LED e piscas integrados em forma de “T”, fundidos em uma máscara de preto brilhante com grelha abaixo do logotipo mais recente do losango, inspirado no passado.

O para-choque incorpora os faróis full LED duplos em molduras separadas, assim como spoilers pretos na base com diminutos faróis de neblina em LED, além de aplique cinza no spoiler central e grade dupla inferior e emoldurada. Ela tem ainda o radar do controle de cruzeiro adaptativo.

Bem proporcionalmente, o Kardian tem um formato robusto e interessante, com teto preto na Première Edition, dotado de barras de cor cinza modulares, que podem ser colocadas em longitudinal ou transversal.

Repetidores de direção nos retrovisores pretos chamam atenção, mas não menos que as câmeras do monitoramento lateral.

Com saias de rodas protegidas e aplique lateral alusivo à versão, o Kardian tem ainda rodas de liga leve aro 17 polegadas com design interessante e acabamento cinza-escuro, trazendo pneus 205/55 R17.

Na traseira, as lanternas em LED pronunciadas lembram as do Renault Kiger indiano, baseado no Kwid. O para-choque preto aposta num spoiler cinza bem definido. O nome Kardian domina a tampa do bagageiro.

Dentro, o Renault Kardian Première Edition aposta num acabamento levemente esportivo, com revestimentos pretos, mesclados com prata e preto brilhante, adicionando couro costurado no painel e portas dianteiras.

Estas apresentam os únicos LEDs encontrados na decoração, já que todo o ambiente inspira baixo custo. Há plásticos duros para todo lado.

Além disso, o habitáculo do Kardian é apertado, muito menor que o encontrado no Stepway ou no finado Sandero, o que pode ser um choque para quem já teve estes modelos da Renault.

Isso fica bem evidente em duas coisas: uma é o console central tão estreito que parece um de esportivo de motor central. Outra são os volumosos bancos esportivos com abas enormes e acabamento em tecido com linhas de cor laranja, além do losango.

Eles não são grandes demais quando se observa e sim, o espaço é reduzido, especialmente para quem vai atrás, pois um motorista de 1,85 m simplesmente comprimirá as pernas de quem irá atrás.

Dessa vez, não podemos criticar a Renault no quesito bagageiro, uma vez que o banco traseiro bipartido está na posição correta, diferente do Duster e do falecido Captur, que tiveram os mesmos deslocados para privilegiar a bagagem.

 

São bons 410 litros, com iluminação e estepe.

O cluster é digital com tela de 7 polegadas com fácil visualização, ainda que o layout pareça confuso inicialmente. Já a multimídia vai na contramão da tendência, com uma tela de 8 polegadas que visualmente parece até menor.

Tem imagens das quatro câmeras (não dá visão 360 graus) e tem ótima integração com Android Auto e CarPlay. É intuitiva e tem inclusive os modos de condução, além de ajustes dos mesmos. Já os comandos físicos do painel são adequados.

O volante padrão atual da Renault tem comandos descomplicado do controle de cruzeiro adaptativo e ficou devendo o botão dos modos de direção, que poderiam sair do painel.

No entanto, o ajuste de altura e profundidade é um exercício de musculação, porque a coluna pesa e cai com força se não for apoiada.

As portas têm comandos dos vidros one touch, o que é bom, enquanto o teto tem as alças. As luzes de leitura são simples, enquanto os para-sóis possuem espelhos com iluminação.

O console com botão elétrico de marchas e os comandos de freio de estacionamento eletrônico e o parking são de fácil uso.

O carregador indutivo também é outra boa aquisição do Kardian. Já o porta-copos é removível e pode ocultar a chave em sua recarga. O apoio de braço central é deslizante e oculta pequeno porta-objetos.

No caso do porta-luvas, iluminação e boa profundidade. Tirando a sensação (real) de falta de espaço, o habitáculo do Kardian é convidativo.

 

O melhor de dois mundos da Renault

Ela demorou muito, mas antes tarde que nunca. Pois é, a Renault finalmente tem um “melhor de dois mundos” para chamar de seu no mercado brasileiro e ele é conhecido como H4Dt.

Este é o motor de três cilindros com turbocompressor e injeção direta flex a bordo do Kardian.

Com 999 cm³, o H4Dt é comercialmente conhecido como 1.0 TCe e entrega 120 cavalos na gasolina e 125 cavalos com etanol, ambos a 5.000 rpm. Já os torques são de 20,4 kgfm no derivado de petróleo e 22,4 kgfm no combustível vegetal, obtidos a 2.250 rpm.

Gerindo esses números, a caixa automatizada de dupla embreagem com seis marchas, chamada EDC, faz o conjunto do Renault Kardian ser admirável e mostra que a francesa não vai se podar mais para buscar oferecer algo melhor por aqui.

O novo conjunto motriz da Renault caiu muito bem no Kardian e faz o pequeno crossover de 4,119 m de comprimento, 1,747 m de largura, 1,544 m de altura e 2,600 m de entre eixos, sobrar com seu peso de 1.186 kg. O propulsor tem ótima força em baixa rotação, exigindo pouco do EDC.

Ao ligar o Kardian, ele sempre irá para o modo MySense, que seria o modo Normal ou Comfort em outras marcas, equilibrando bem economia com desempenho.

Todavia, para se conhecer melhor este conjunto mecânico, parta para o modo Eco. Ali, mantendo-se um giro baixo, na faixa entre 1.500 e 2.500 rpm, o SUV compacto anda bem sem pedir redução.

É nítido o troque alto em baixa, podendo até mesmo rodar mais perto de 1.000 rpm, porém, pode-se rapidamente encher o H4Dt e ele vai rapidamente aos 4.000 rpm e além.

Bem elástico, ele torna a condução prazerosa, ainda mais que o EDC é tudo aquilo que os horríveis DP0 ou DP2 nunca foram.

Trocas suaves e no tempo certo. Sem trancos, vacilos ou qualquer outra coisa que os velhos câmbios da Renault possam te lembrar.

O único ponto de que não gostamos é a liberdade condicional da programação, que nos deixa presos usando os paddle shifts, com pouca independência para explorar mais os giros. Tudo corta pouco depois dos 5.000 rpm.

Fora isso, o EDC é ótimo e já podemos indicá-lo para os modelos da Renault que usam o CVT Xtronic. Aliás, antecipando-se ao que segue, seria muito interessante um Renault Kardian R.S. com motor 1.3 TCe com câmbio EDC ou manual de seis marchas, de preferência.

Bom, isso é devido ao bom desempenho do Kardian 1.0 TCe EDC, que nos modos MySense e, especialmente, no Sport, garante uma tocada elogiável.

Ainda que a programação foque na economia, o H4Dt com esse câmbio mostra que poderia ir muito além, com boa arrancada e vigor para fazer o Kardian andar como se tivesse um FR 2.0 no cofre, mas com economia de um mero 1.0 H4D.

Por isso, esse “melhor de dois mundos” é a pérola do Renault Kardian, variando de rotação e marcha com desenvoltura de gente grande, garantindo retomadas animadoras e ultrapassagens confortáveis. Subida de serra então, com muita tranquilidade. Mesmo cheio, o crossover não nega fogo e vai com folga.

Na estrada, rodando a 110 km/h, o “dial” do conta-giros digital fica em 2.200 rpm, onde está todo o torque que ele entrega.

Como já citado, cada modo pode ter luzes de LED do acabamento na cor desejada e a mudança de modo pode ser feita na tela ou num botão no painel. Como já dissemos, no volante seria melhor ter essa opção.

Já que o foco é a economia, o Renault Kardian com etanol no tanque, fez 9,5 km/l na cidade, nada mal para um motor usando esse combustível vegetal.

Na estrada, a 80 km/h, ele ficou em 17 km/l usando o mesmo, subindo para 14,2 km/l a 100 km/h e 11,4 km/l a 120 km/h. Temos de lembrar estar com etanol, então, foi ótimo seu rendimento na estrada.

No dia a dia, a direção elétrica tem boa resposta e os freios estão dentro do esperado, sem surpresas borrachudas. O freio de estacionamento é sempre acionado quando se bota o EDC em “P” (Parking). Já a suspensão tem uma calibragem aceitável, sem batida de fim de curso em ruas onduladas.

Alto, passa pelas lombadas sem cerimônia e filtra de forma razoável bloquetes e paralelepípedos, suportando da mesma maneira alguns buracos.

Com rodas aro 17 e pneus 205/55 R17, o Kardian realmente está em ordem para rodar pelo Brasil. Na estrada, desvios de trajetória e curvas fechadas são aceitas com boa estabilidade e um equilíbrio dinâmico superior ao dos velhos Logan e Sandero.

O Kardian Première Edition tem ainda controle de cruzeiro adaptativo descomplicado e na mão, bem diferente dos antigos pilotos automáticos da Renault, bem complicados de ativar.

Aliás, falando em coisa velha, a haste dos comandos de mídia continua lá, na coluna de direção. A Renault gosta disso, realmente.

Para estacionar, as câmeras individuais nos quatro lados do carro ajudam muito, enquanto na condução, alerta de colisão e de ponto cego, com o primeiro tendo frenagem automática de emergência, são elogiáveis.

Falta alerta e corretor de faixa ou saída pista. Enfim, ainda que dê para ter tudo, as marcas não o fazem nessa faixa de preço.

O Kardian é um carro legal de dirigir, tendo consumo urbano dentro do esperado e rodoviário condizente, além de agilidade e desempenho quando se precisa.

 

Pronto para dar trabalho

O Renault Kardian está pronto para dar trabalho, ainda que haja um Stepway da vida travando sua descida para mais perto dos R$ 100 mil.

De qualquer forma, quando se observa sua proposta, o modelo está dentro do esperado, não inovando em nada no segmento, onde até a dupla embreagem traz má lembrança para muitos. Não foi culpa da Renault.

Com desempenho elogiável, agilidade e economia, o Kardian tem ainda um bom pacote de equipamentos, ainda que falhe em detalhes já mencionados.

Não é um compacto premium em acabamento e está longe dos irmãos franceses nesse e em outros aspectos. Foi pensado para ser um carro de baixo custo, para emergentes.

Rivais? O primeiro é obviamente o Fiat Pulse. Com medidas parecidas com o ítalo-mineiro, tal como ele, foca no uso de turbo e injeção direta. Na versão Impetus, equivalente à Première, custa mais: R$ 135.490. Ambos se equivalem em conteúdo, mas o carro da Stellantis é mais beberrão.

Existem outros rivais do Kardian, porém, eles são maiores e mais espaçosos, com quase todos entregando porta-malas maiores. Assim, o Kardian fica em desvantagem.

De qualquer modo, dentro de sua proposta e pelo conjunto da obra, o novo SUV da Renault é a opção mais desejável, ainda que tenha limitações.

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